Tensão no tecto do mundo

Pequim e Nova Deli estão de costas voltadas, depois das autoridades indianas terem respondido a uma pedido de ajuda do Butão no âmbito de uma disputa territorial que o pequeno reino do Himalaias mantém com a China. As autoridades chinesas querem que o exército indiano abandone as posições que ocupa no extreme sul do Tibete.

 

 

O Governo Central renovou o apelo à India para que retire imediatamente as tropas do extremo sul do Tibete, território disputado nos Himalaias, na sequência de informações de que forças chinesas terão conduzido exercícios com fogo na região.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lu Kang, afirmou que as tropas indianas têm de deixar a área, para evitar uma “escalada da situação”.

“Nós afirmamos por várias vezes que esperamos que o lado indiano tenha um entendimento claro da situação e que tome medidas para retirar as tropas que ilegalmente cruzaram a fronteira”, afirmou Lu, em conferência de imprensa.

As relações entre Pequim e Nova Deli atravessam um momento de renovada tensão, com as autoridades dos dois lados a sugerir um conflito ainda mais sangrento do que a guerra de 1962, que deixou milhares de mortos.

Os comentários de Lu surgem depois de a televisão estatal CCTV ter informado na semana passada que uma brigada do exército chinês, equipada com lança-foguetes, metralhadoras e morteiros, simulou recentemente uma ofensiva militar no Tibete. O exercício envolveu também a localização e foco na aviação do inimigo, segundo a reportagem da imprensa oficial do Continente.

O extremo sul do Tibete é uma área também reclamada pelo Butão, aliado da Índia. A reportagem não indicava onde e quando decorreram os exercícios militares.

A crise deverá ser abordada durante a visita do Conselheiro de Segurança Nacional indiano, Ajit Doval, a Pequim, entre 27 e 28 de Julho, para participar de um fórum do grupo de economias emergentes BRICS, dedicado à segurança.

No entanto, devido aos sentimentos nacionalistas entre a opinião pública dos dois países, nenhum dos lados deverá ceder, até que o duro inverno nos Himalaias obrigue a uma retirada.

A República Popular da China e a Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada.

A disputa mais recente aconteceu em Junho, depois de a China ter começado a construir uma estrada para o planalto de Doklam, ou Donglang, em chinês, uma região reclamada pela China e pelo Butão, que mantém com a Índia uma cooperação próxima a nível de segurança.

Apesar de China e Butão terem vindo a negociar as fronteiras durante décadas, sem incidentes sérios, o pequeno reino dos Himalaias pediu desta vez ajuda a Nova Deli, que enviou tropas através da fronteira, desde o estado de Sikkim.

A China retaliou ao fechar o acesso a uma montanha próxima, usada por peregrinos indianos para chegarem ao monte Kailash, um local sagrado no Tibete para budistas e hindus.

 

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