Filosofia confuciana pautou arranque da Semana da Cultura Chinesa

FOTOGRAFIA: EDUARDO MARTINS

“Estudo Maior” (Da Xue) e “A Prática do Meio” (Zhong Yong) marcaram ontem o arranque das sessões dedicadas à Semana da Cultura Chinesa. Dois livros centrais sobre a filosofia confuciana foram esta segunda-feira apresentados por Carlos Morais José, organizador das sessões, na Fundação Rui Cunha.

Pedro André Santos

pedrosantos.pontofinal@gmail.com

A Fundação Rui Cunha teve ontem casa cheia para a primeira sessão da Semana da Cultura Chinesa, iniciativa organizada pelo jornal Hoje Macau e pela editora Livros do Meio, que tem como objectivo dar a conhecer a sinologia à lusofonia. Ao longo desta semana serão apresentados sete livros, cinco deles com traduções inéditas. Ontem, no arranque da Semana da Cultura Chinesa, foram apresentados “Estudo Maior” (Da Xue) e “A Prática do Meio” (Zhong Yong).

Segundo Carlos Morais José, organizador da iniciativa, “Estudo Maior” e “A Prática do Meio” são dois dos quatro livros centrais sobre a filosofia confuciana. “São dois livros que fazem parte do cânone confuciano, tal qual ele foi estabelecido na dinastia Song”, referiu o director do Hoje Macau na abertura da sessão. Carlos Morais José destacou a reformulação do confucionismo durante este período, no século XI, ganhando uma importância muito importante ao nível da teoria ética e da moral. 

“Isto é um livro político também, tentar dar uma moral e uma ética aos governantes, daí que seja um livro bastante importante nesse sentido de ser lido hoje também. É constituído por palavras de Confúcio, e depois por comentários de Zengzi, que é um dos seus discípulos. Tem também comentários do próprio Zhu Zhi que ajudam muito na interpretação das palavras do mestre”, disse Carlos Morais José, referindo-se a “Estudo Maior”.

O responsável pela iniciativa explicou ainda que as palavras de Confúcio “são muito sintéticas e condensadas”, o que por vezes dificulta a sua interpretação. Porém, os comentários introduzidos na obra, nomeadamente de Zhu Xi, “dão-nos portas importantes para entrarmos naquele pensamento”, ressalvou. Foram ainda acrescentadas outras notas ao livro “para permitir ao leitor ocidental alguma contextualização dentro do nosso próprio pensamento”, disse Morais José, afirmando que “existem muitas pontes possíveis entre o pensamento confucionista e o pensamento ocidental”.

Sobre a “Prática do Meio”, Morais José referiu que a obra visa, de uma forma geral, “regular os pensamentos, as palavras e as acções”, dando como exemplo a importância de um governante conhecer a história e perceber quais são as forças que estão em confronto para as poder equilibrar. “Neste sentido, o confucionismo não é de todo uma doutrina reaccionária ou que proponha um mundo imóvel, baseado em valores do passado que têm que ser aplicados rigorosamente no presente. Pelo contrário, o confucionismo é uma doutrina que obriga o soberano a encontrar soluções para responder às transformações que constantemente ocorrem”, disse o organizador das sessões.

A Semana da Cultura Chinesa prossegue hoje com “As Leis da Guerra”, de Sun Bin, novamente às 18h30, na Fundação Rui Cunha.

 

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