Maioria dos alunos que entram na EPM são de língua materna diferente 

FOTOGRAFIA: EDUARDO MARTINS

Os alunos de língua materna não portuguesa que ingressam na Escola Portuguesa de Macau “têm vindo a aumentar significativamente”, atingindo este ano 75% do total dos estudantes, disse à Lusa o director da instituição. Há três anos, foram cerca de 40%, frisou Manuel Machado. Há dois, cresceu para 60%. E este ano lectivo, em cada quatro alunos que entram na Escola Portuguesa de Macau, três não têm o português como língua materna. Uma realidade que exige agora “por parte dos professores todo um desenhar de novas estratégias capazes de responder às necessidades linguísticas destes alunos”, salientou.

Para isso tem-se privilegiado “o ensino do português relativamente a outras áreas do currículo, o que não significa que essas áreas não venham a ser exploradas mais tarde”, ressalvou o responsável da escola que, em 1998, foi constituída como herdeira de três instituições de ensino em língua portuguesa a Escola Primária Oficial, a Escola Comercial e o Liceu de Macau. “É um grande desafio que a escola enfrenta”, enfatizou.

Entre as estratégias delineadas, avançou-se para a criação de um clube de filosofia, no qual o desenvolvimento das competências passa pelo uso obrigatório da língua portuguesa para todos os estudantes do primeiro ao quarto ano de escolaridade. Há também uma oficina de escrita, mas a escola teve igualmente a ‘arte’ de conceber um espaço que parece feito à medida para dar resposta a estes desafios e que é destacado por Manuel Machado: uma sala de leitura, cujo projecto arquitectónico foi vencedor na categoria “Inovação” do Prémio de Conservação da Herança Cultural Ásia-Pacífico da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

A mesma organização que declarou, em Novembro do ano passado, o dia 5 de Maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa, mediante proposta de todos os países lusófonos apoiada por mais 24 Estados, incluindo países como a Argentina, Chile, Geórgia, Luxemburgo ou Uruguai.

Em Macau, a maioria daqueles que ingressam no primeiro ciclo na Escola Portuguesa tem o cantonense como idioma nativo. O estabelecimento de ensino tem 70 professores, a tempo inteiro e parcial, e 623 alunos do 1.º ao 12.º ano de escolaridade, divididos por 14 turmas. Quase 50% dos alunos frequentam o 1.º ciclo. “O único espaço onde falam português é de facto na escola. O acompanhamento dos pais da língua é praticamente nulo, o que implica por parte dos professores e educadores trabalho acrescido”, explicou Manuel Machado, que fez questão em assinalar “a resposta favorável” e “o esforço dos professores”, na definição de estratégias e na formação necessária para melhor ministrarem o português enquanto língua estrangeira. “Esse trabalho traduz-se também pela frequência das aulas de português de língua não materna que nós oferecemos” e no apoio garantido pelos professores da área para suprir as dificuldades que apresentam no domínio da língua, acrescentou.

 

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