Anima projecta construir um centro em Portugal para acolher galgos do Canídromo

O presidente da Anima quer construir no Alentejo um centro internacional de realojamento de animais, para onde pretende transportar, após o término da concessão, os galgos do Canídromo de Macau. A estrutura, diz Albano Martins, servirá ainda para auxiliar as autarquias portuguesas no acolhimento de animais abandonados.

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Sílvia Gonçalves

A Anima está a trabalhar no projecto de construção de um centro internacional de realojamento de animais em Portugal, que ficará situado no Alentejo. A associação de defesa dos direitos dos animais pretende acolher nesta estrutura – e após o término da concessão do Canídromo à Companhia de Corridas de Galgos de Macau – os cerca de 700 animais que dizem estar em actividade ao serviço da Companhia Yat Yuen, para depois promover a sua adopção por parte de diversas organizações europeias. A revelação foi feita ontem ao PONTO FINAL por Albano Martins, que diz ter já um terreno em vista, faltando encontrar um patrono que financie o projecto. Caso os galgos lhe sejam entregues e consiga avançar, o presidente da Anima pretende envolver as autarquias portuguesas, que se deparam com dificuldades na gestão do crescente número de animais abandonados.

“O que nós queremos é construir um centro internacional de adopção e alojamento de animais. A Anima está a pensar muito seriamente nisso, em construir um centro desse tipo em Portugal. Esse centro só irá surgir devido aos galgos, se os galgos nos forem entregues. O Governo não diz ai nem ui, no Canídromo os animais são privados e o Governo provavelmente não quer interferir”, conta Albano Martins.

Entende o presidente da Anima – que assume como certo o encerramento do Canídromo após o término da actual concessão – que, caso o Executivo interfira e lhe for permitido recolher os animais que ainda restem, faz sentido transportá-los para um centro de onde poderão ser gradualmente distribuídos por toda a Europa: “É mais fácil mover todos esses animais de uma única vez para um centro em Portugal e daí sair para a Europa, porque na Europa é a coisa mais simples do mundo nós escoarmos esses animais todos”, defende.

Já há algum tempo que o economista procura um terreno em Portugal para a construção do centro, tendo-se entretanto deparado com uma possibilidade: “Já tenho um local. Será um centro internacional de realojamento de animais, algo assim. Temos um espaço previsto, posso dizer que é um terreno que vai ter entre 30 a 50 hectares, é no Alentejo. Há um terreno apalavrado, que não está comprado, e há algumas reuniões em Portugal agendadas, para permitir que esse número de animais consiga entrar em Portugal, porque por lei não é permitido”.

A concessão do Canídromo termina em Dezembro de 2018, devendo a construção do centro concretizar-se algum tempo antes: “O centro tem que ser criado já. O problema é que ainda estamos na primeira fase, que é avaliar os custos deste projecto todo e arranjar um patrono para o projecto. Estamos a trabalhar nisso. Precisamos de um patrono, alguém que se cruze nisso. Provavelmente conseguiremos arranjar”, sublinha.

A nova estrutura deverá ser gerida pela Anima, adianta Martins: “Sim, será gerida por uma delegação da Anima, se for esse o entendimento da sua direcção”. A verificar-se a criação de uma extensão da Anima em Portugal, Albano Martins deverá mudar-se para o Alentejo, abandonando a presidência da associação: “Quando isso acontecer, a Anima vai ter que encontrar um presidente em Macau, eu serei um simples colaborador da Anima”, assume.

O ainda dirigente pretende envolver no novo projecto as autarquias portuguesas, estendendo-lhes uma alternativa para o escoamento de animais abandonados: “O centro terá capacidade para 700 animais, no mínimo. Vai ser para todo o tipo de animais, incluindo animais das autarquias, porque em 2017 as autarquias deixam de os poder abater e vão ter dificuldades em conseguir gerir o número de animais abandonados, que em Portugal é brutal. Por isso é que estamos a falar entre 30 a 50 hectares. Esse centro poderia não só absorver os galgos de Macau, que seriam rapidamente escoados para a Europa, como também trabalhar os animais que se encontram nos canis municipais em Portugal”.

O economista espera, de resto, contar com algum suporte financeiro dos municípios: “O centro surge para resolver os problemas dos animais que estão no Canídromo e, ao mesmo tempo, para auxiliar as autarquias, que depois irão de certo modo contribuir para o centro. Nós estamos a retirar-lhes custos, mas também queremos algumas receitas das autarquias, mesmo que sejam insignificantes”. Certo é que a nova estrutura não abrirá portas em 2016: “O Canídromo fecha em Dezembro de 2018. O centro nunca vai abrir antes do final de 2017”, prevê Albano Martins.

 

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