Directora interina do departamento de Português da Faculdade de Letras da Universidade de Macau é finalista pela primeira vez e não esconde a satisfação. A sua obra “Uma cartografia do olhar – Exílios, imagens do estrangeiro e intertextualidades na Literatura Portuguesa”, com chancela da Húmus, está nomeada da categoria de Ensaio.
Gonçalo Lobo Pinheiro
goncalolobopinheiro.pontofinal@gmail.com
A professora associada do departamento de Português da Faculdade de Letras da Universidade de Macau (UM) Dora Nunes Gago está entre os finalistas dos prémios PEN 2021 na categoria de Ensaio, anunciados anteontem, em comunicado, pelo PEN Clube Português.
A professora da UM, que actualmente acumula o cargo de directora do departamento de Português de forma interina após Yao Jinming ter pedido licença sabática, vê a sua obra “Uma cartografia do olhar – Exílios, imagens do estrangeiro e intertextualidades na Literatura Portuguesa” escolhida pelo júri do concurso dos Prémios PEN – Poesia, Ensaio, Narrativa e Primeira Obra e sente-se “feliz e honrada” pelo facto. “Foi para mim uma honra ter sido seleccionada a par de grandes nomes, como no caso do ensaio, José Gil ou Cristina Robalo Cordeiro entre outros”, começou por dizer ao PONTO FINAL.
Dora Nunes Gago destacou ainda as escolhas nas outras áreas, onde estão finalistas nomes como José Luís Peixoto, José Eduardo Agualusa, João de Melo ou Hélia Correia, “que dispensam apresentações”. “Foi a primeira vez que concorri aos premios do PEN Clube. Já recebi outros prémios, mas literários e na área da ficção, como por exemplo o Prémio Nacional de Conto Manuel da Fonseca, em 2006, entre outros. O facto de ser finalista significa um incentivo e um reconhecimento que já me deixa feliz, indecentemente do resultado final”, afirmou a autora.
O livro “Uma cartografia do olhar – Exílios, imagens do estrangeiro e intertextualidades na Literatura Portuguesa”, explicou-nos a autora, “foi o fruto de vários anos de trabalho de investigação em literatura portuguesa e comparada realizada na Universidade de Macau, desde 2012”. “Foi também um dos resultados de vários projectos de investigação que desenvolvi. Algumas capítulos são consagrados a autores que viveram em Macau como Rodrigo Leal de Carvalho, Maria Ondina Braga, Fernanda Dias ou Ling Ling”, acrescentou.
Também na área do ensaio, os restantes finalistas são Cristina Robalo-Cordeiro e a sua obra “O véu de Maia – Relendo Almeida Faria”, com chancela da Minerva Coimbra; João Dionísio, com “Agora entra no vento – Tradução e génese na obra de M. S. Lourenço”, editado pela Biblioteca Nacional de Portugal; José Gil, pelo ensaio “O tempo indomado”, publicado pela editora Relógio d’Água e, ainda, Ricardo Gil Soeiro, com “A sombra que ilumina – A poesia de António Franco Alexandre”, da Tinta-da-China.
Academia, livros de contos e poesia
Dora Nunes Gago é doutorada em Línguas e Literaturas Românicas, com especialização em Literaturas Comparadas, pela Universidade Nova de Lisboa. Leccionou na Universidade da República Oriental do Uruguai (Uruguai), foi investigadora de pós-doutoramento da FCT na Universidade de Aveiro, e visiting post doc na Universidade de Massachussetts, Amherst. Tem um considerável número de artigos publicados em revistas internacionais e capítulos de livros, para além de alguns livros de contos e poesia. As suas principais áreas de investigação e interesse são a Literatura Portuguesa e Lusófona, a Literatura Comparada, os Estudos interartes e a Tradução. A professora adjunta da UM é ainda colaboradora externa dos seguintes Centros de investigação: CETAPS (Centro de Tradução Inglesa e Estudos Anglo-Portugueses, Universidade Nova de Lisboa); Centro de Línguas e Cultura (Universidade de Aveiro); CHAM (Universidade Nova de Lisboa); “Projeto Porta Macau”, Universidade de São Paulo (Brasil).
Participou na colectânea de poesia lusófona dedicada a Macau, intitulada “Rio das Pérolas”, lançada no âmbito das comemorações do “Junho, Mês de Portugal”, em 2020. “Rio das Pérolas” reúne 24 autores da lusofonia, que de algum modo têm ligações a Macau, em uma compilação organizada pelo poeta português António MR Martins. Carlos Morais José, Deusa d’Africa, Fernanda Dias, Fernando Sales Lopes, Gisela Casimiro, Henrique Levy, Hirondina Joshua, João Morgado, Natalia Borges Polesso ou Sara F. Costa são alguns dos autores seleccionados para esse projecto, com chancela da editora Ipsis Verbis.
Agualusa, Peixoto ou Carmelo
Nas restantes categorias a concurso, o PEN Clube Português anunciou que a selecção de finalistas à edição deste ano do prémio de poesia inclui os escritores Hélia Correia, pela obra “Acidentes”, editado pela Relógio D’Água; Inês Fonseca Santos, por “Os grandes animais”. com chancela da Abysmo; José Alberto Oliveira, com “Rectificação da linha geral”, publicado pela Assírio & Alvim; José Luís Peixoto, com “Regresso a casa”, da Quetzal, e Pedro Eiras, com “Inferno”, também da Assírio & Alvim.
No âmbito da narrativa, estão seleccionados os escritores Luís Carmelo, com o seu livro “Cálice”, editado pela Abysmo; o angolano José Eduardo Agualusa, pela obra “Os vivos e os outros”, da editora Quetzal; H.G. Cancela, com “A Noite das Barricadas” pela Relógio d’Água; Isabel Rio Novo com o romance “Rua de Paris em Dia de Chuva”, lançado pela Dom Quixote, e ainda João de Melo, com “Livro de Vozes e Sombras”, também pela Dom Quixote.
O PEN Clube Português é o afiliado em Portugal do PEN International, com sede em Londres, no Reino Unido, tendo sido criado em 1978. O clube é a maior e a mais importante organização mundial de escritores empenhada na defesa da liberdade de expressão, bem como de direitos e valores humanistas. Os Prémios PEN são uma iniciativa que conta com o apoio da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.
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