Vozes de Macau também se fazem ouvir n’ “Os Lusíadas”

É uma obra de vulto, que exigiu um esforço de igual amplitude a António Fonseca. O actor português, que esteve no território em Março, lança até ao final do mês um audiolivro com a leitura integral de “Os Lusíadas”. Algumas das estâncias do décimo canto da obra são lidas por vozes de Macau.

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O actor António Fonseca, que esteve em Macau em Março último no âmbito do Festival Literário Rota das Letras, edita este mês um audiolivro com a interpretação integral de “Os Lusíadas”, a epopeia de Luís Vaz de Camões, um projecto que conta com a participação de comunidades lusófonas espalhadas pelo mundo. Entre as comunidades que se associaram ao projecto está, recorde-se, a macaense. Um grupo de residentes do território acedeu ao convite endereçado por António Fonseca aquando da sua passagem pela RAEM e gravou várias estrofes da “opus magna” de Luís Vaz de Camões.

O audiolivro “Os Lusíadas como nunca os ouviu” incluirá o texto de Camões e sete CD que registam a interpretação vocal da obra. A edição, de mil exemplares, foi custeada por António Fonseca em parceria com a editora Caleidoscópio: “Estou muito contente. Se perder dinheiro… Bom, o dinheiro não é tudo. Faço isto porque ‘curto’ imenso o texto. E acho que as outras pessoas também curtiriam se fossem provocadas para isso. As pessoas conhecem a obra, estão familiarizadas, mas estão arredadas da fruição por preconceito ou por uma má experiência”, disse António Fonseca à agência Lusa.

Na primavera passada, António Fonseca chegou a contar à Lusa que a edição do audiolivro estaria em risco por falta de parceria e financiamento para a edição. Acabou por decidir impulsionar o projecto em colaboração com uma editora.

O audiolivro – que inclui uma introdução para cada canto da obra – regista na íntegra o poema épico de Camões, com António Fonseca a interpretar, sozinho, nove cantos, tendo repartido a gravação do décimo com cerca de 40 pessoas de comunidades lusófonas e portuguesas espalhadas pelo mundo: “Acho muito interessante ouvir o poema nas vozes de chineses de Macau, de Angola, de Moçambique, de Goa. Acho fantástico! Ir no carro, no trânsito, por exemplo, e ouvir aquilo!”, exclamou o actor.

Foi em 2008 que António Fonseca começou o trabalho de apropriação do texto de Camões para a oralidade – uma gesta que lhe tomou bastante esforço físico e mental – e que transpôs depois para palco.

Em várias apresentações pelo país, o actor percebeu que foi cativando mais pessoas para a compreensão do poema, considerado uma das maiores obras da literatura portuguesa e em língua portuguesa: “Acho que, para algumas pessoas, é possível reconciliarem-se com o passado ou com esse complexo de culpa de dizerem que não gostavam ou não entendiam o texto”, afirmou.

A propósito da edição do audiolivro, António Fonseca fará uma série de apresentações do poema em várias cidades do país, a começar, no dia 29, no Teatro Municipal de São Luiz, em Lisboa, seguindo-se Porto, Braga, Santo Tirso, Constância, Évora ou Tavira.

Posteriormente, o actor tenciona ainda disponibilizar a gravação em formato digital, para descarregamento ‘online’.

 

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