UNU-CS: a ONU em Macau, com novo projecto e novo director

É das poucas presenças oficiais que a Organização das Nações Unidas tem em Macau. O Instituto Internacional para Tecnologia de Programação da Universidade das Nações Unidos tem novo nome, um novo director e, a partir de hoje, um novo portal na Internet.

João Paulo Meneses

O novo instituto criado pela Universidade da ONU em Macau espera lançar ainda hoje o seu portal oficial, que funcionará como “porta de entrada” para a nova UNU-CS, sigla para United Nations University Computing and Society .

Em Macau há poucos meses, o novo director da UNU-CS, Michael Best, está também a fazer as primeiras contratações para a equipa de pesquisa internacional.

Ao PONTO FINAL, Best explicou que está a construir a UNU-CS “a partir do zero”, o que significa mostrar ao mundo que o sucessor do Instituto Internacional para a Tecnologia de Programação existe. O portal, que deve estar online até ao final desta semana, é o primeiro passo dado pelo organismo nesse sentido.

A UNU-CS sucede ao Instituto Internacional para a Tecnologia de Programação (UNU/IIST, na sigla em inglês), criado pela Universidade das Nações Unidas em Macau em 1991, na sequência do acordo firmado entre a organização e os governos de Macau, Portugal e China.

O objetivo do UNU/IIST era responder às necessidades dos países em desenvolvimento em matéria de tecnologia de software, tendo sido apresentado como a primeira instituição académica internacional direccionada para uma tal finalidade.

O UNU/IIST realizou alguns projectos – ainda na década de 90 do século passado – mas depois da transferência de administração do território entre Lisboa e Pequim, o organismo foi perdendo visibilidade e quase desapareceu. O Instituto acabou por ser encerrado no ano passado pela Universidade das Nações Unidas e substituído, já em 2015, pela nova entidade. Embora o âmbito de funcionamento se mantenha na área das tecnologias de informação, os objectivos – agora mais associados ao desenvolvimento internacional – são diferentes, conforme explicou ao PONTO FINAL Michael Best.

A United Nations University Computing and Society propõe-se ajudar a concretizar algumas das prioridades da própria ONU, como o desenvolvimento sustentável, a gestão de modelos de governação e a defesa de valores como a paz e a segurança, os direitos humanos e a dignidade humana. Por outro lado, o novo organismo vai procurar assumir um papel de destaque na formação da próxima geração de cientistas inter-disciplinares na área da computação, das ciências sociais e do design , tendo como esfera de influência os países em desenvolvimento: “Temos a grande ambição de vir a dar um contributo importante para o tecido intelectual aqui em Macau e de ter um impacto global com os resultados das nossas pesquisas e políticas”, acrescentou o académico norte-americano.

É, alias, esta ambição que explica que Michael L. Best tenha trocado a carreira de investigador e docente universitário nos Estados Unidos da América pela Região Administrativa Especial de Macau.

Best tem um vastíssimo currículo na área das tecnologias de informação, que passa por estudos na Universidade de Harvard e pelo doutoramento no MIT. Antes de se transferir para Macau, era professor associado na Sam Nunn School of International Affairs e na School of Interactive Computing, do Instituto de Tecnologia da Georgia, onde dirigia o Laboratório de Tecnologias e Desenvolvimento Internacional. Foi ainda director do Media Lab Asia na Índia.

Forma os interesses académicos que acabaram por conduzir Best ao novo projecto da ONU em Macau: dentro das tecnologias de informação e comunicação, associadas ao desenvolvimento económico, político e social, o novo director da UNU-CS estuda, em particular, o impacto e importância dos telemóveis e da internet nos países mais pobres de África e da Ásia.

Para Best, “o Delta das Pérolas é uma região, extraordinária, dinâmica e vibrante. E um espaço emergente nas tecnologias de informação e comunicação. Macau é uma cidade diversificada (e encantadora), que está profundamente interessada em fazer crescer a sua espinha dorsal em termos intelectuais e do conhecimento da economia. Portanto, Macau é uma excelente localização para o UNU-CS”, explicou o académico ao PONTO FINAL, quando confrontado com o facto da RAEM poder ser uma mais-valia ou um problema para os desafios do projecto.

O UNU-CS funciona na Casa Silva Mendes e tem um conselho internacional de consultores, do qual faz parte o reitor da Universidade de Macau, Wei Zhao.

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