Macau Indies: portugueses em grande  

A edição de 2015 do Macau Indies galardoou dois trabalhos com assinatura portuguesa. “Iec Long” e “Mio Pang Fei” levaram para casa o prémio de Melhor Longa-metragem e Melhor Argumento, respectivamente.

Catarina Mesquita

Duas vitórias de realizadores portugueses em cinco das categorias. A edição de 2015 do Macau Indies chegou ontem ao fim, com a consagração dos melhores filmes a concurso no âmbito do principal certame de divulgação da sétima arte na RAEM.

Pedro Cardeira, realizador da longa-metragem “Mio Pang Fei”, foi distinguido com o prémio para o Melhor Argumento com o documentário que retrata a vida do artista que representa Macau na edição de 2015 da Bienal de Veneza. Satisfeito com a atribuição do prémio o realizador português diz que este não foi só uma grande ano para si, mas também para o cinema produzido em Macau: “Houve vários filmes e eventos de cinema a acontecer em Macau, ao mesmo que tempo que houve filmes de Macau que chegaram a festivais internacionais”, explica o autor do biópico sobre Mio Pang Fei. A película encontra-se presentemente a ser exibida no pavilhão de Macau na Bienal de Veneza.

Pedro Cardeira admite sentir “o peso da responsabilidade” depois de ter visto o seu primeiro trabalho cinematográfico ser distinguido: “Foi o meu primeiro filme, costuma-se dizer que o segundo [risos] é terrível e por isso tenho de preparar o segundo muito bem”, conta o realizador, que diz já ter ideias para futuras películas.

Já João Pedro Rodrigues e João Guerra da Mata venceram o prémio de Melhor Longa-metragem com o filme “Iec Long”. O filme tem por objecto uma antiga fábrica de panchões, localizada na Taipa, e propõe-se reavivar a memória de um local que se encontra ao abandono. João Guerra da Mata defende que, ao requalificar o espaço abandonado do Iec Long – “um verdadeiro “pulmão” no meio de tanta especulação imobiliário” – o Governo de Macau mostra um grande bom senso e uma preocupação verdadeira com o bem-estar da população”, deixando a sugestão da “preservação do espaço para as gerações futuras”.

“É uma história de ruínas que estão cheias de vida e que surgiu de forma espontânea. A espontaneidade dos realizadores é uma das qualidades deste filme”, acrescenta ainda Pedro Cardeira, que também apoiou a produção de “Iec Long”.

Porém, contrariando a tendência de edições anteriores, não foram realizadores portugueses a vencer o grande prémio do Júri na edição de 2015 do Macau Indies. A jovem realizadora Emily Chan foi a grande vencedora: “Eu pus maquilhagem porque nunca pensei que fosse chamada ao palco”, conta a estudante de mestrado em cinema, na Universidade de Remin, na China.

“Ontem mais uma vez” coloca em destaque a importância das memórias “e de como só percebemos como o primeiro amor é relevante quando crescemos”, explica Emily Chan, que diz querer prolongar os 44 minutos do filme para uma produção maior.

“Quero fazer alguma coisa melhor com uma história tão boa como esta e mostrá-la em Macau ainda este ano no circuito do cinema comercial”, acrescenta.

O prémio de Melhor Filme de Animação distinguiu “C-La em Macau”. Realizador e jurado, Alex Law, considera que o mercado da animação tem grande potencial, mas está “ainda pouco explorado na região”.

Composto também por Feng Yu e Chang Tsang, o júri escolheu o filme “Uma oração”, de Chao Koi Wang, como a melhor curta-metragem.

Em competição estiveram 26 filmes e o Macau Indies promete voltar já no próximo ano. Os realizadores que queiram candidatar-se ao financiamento do Centro Cultural de Macau deverão submeter as respectivas propostas a inscrição até ao final do dia de hoje.

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