PIB volta a cair em 2015

Screen Shot 2015-03-31 at 3.36.48 PMEm Janeiro, a Autoridade Monetária previa um crescimento tímido da economia, mas agora o Governo afirma que a fase de ajustamento de Macau vai significar um segundo ano de contracção.

Patrícia Silva Alves

Há pouco mais de três meses, a Autoridade Monetária previa um crescimento “a um dígito abaixo” do PIB de Macau em 2015, mas agora o Governo assume – a nove meses do final do ano -, que a RAEM vai fechar Dezembro em contracção. “Prevê-se que, em 2015, o PIB local, face ao ligeiro crescimento negativo verificado no ano transacto [0,4 por cento] deverá continuar a apresentar um crescimento decrescente, pelo que a economia local poderá deparar-se com diversos tipos de dificuldades e até desafios de maior severidade”, anunciou ontem Lionel Leong durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa na Assembleia Legislativa (AL).

Aliás, por isso mesmo, uma das palavras mais ditas ontem pelo secretário foi ajustamento – repetiu-a oito vezes. “Macau entrou em fase de ajustamento” ou “tendência de ajustamento” foram apenas algumas das expressões usadas para ilustrar a “nova fase” que a RAEM vive. Aliás, no relatório completo entregue pelo secretário – e disponível no site da AL – assinala-se que “2015 será o ano chave para o ajustamento da economia”. Já quanto ao jogo – pedra basilar das receitas do território – prevê-se um ano “relativamente difícil”.

Diversificação por onde?

No seu discurso, o secretário apontou as estratégias que tem para lidar com a nova fase da economia de Macau e a sua diversificação: apostar na área das convenções e exposições, reconversão e valorização das indústrias locais, como a medicina chinesa, e desenvolvimento do mercado financeiro através da cooperação regional.

No caso da primeira área – as convenções e exposições – o Governo disse que vai aperfeiçoar “o regime de incentivo financeiro” às empresas desta área (não disse quais) e promover a participação de Macau em conferências locais ou estrangeiras. Só o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) prevê organizar, em 2015, cerca de 60 actividades desta natureza, apontou Lionel Leong no relatório enviado à AL.

No entanto, apesar de ser uma das grandes apostas do Executivo para a tão pedida diversificação, Lionel Leong afirmou ontem que é preciso maior rigor. É preciso que as actuais medidas de apoio ao sector sejam implementadas “com maior eficácia” e que se avalie “com seriedade, a situação de implementação dos acordos firmados no âmbito das feiras e exposições”.

Para além de ser mais rigoroso na aplicação das medidas, Lionel Leong disse ontem que a informação estatística sobre este sector não chega e por isso anunciou a criação “de um sistema de indicadores estatísticos” para a avaliação do sector das exposições, entre outros.

Recorde-se que segundo o economista Albano Martins as receitas anuais do sector MICE, como também é conhecido, para além de beneficiarem dos subsídios do Governo, “representam três horas de jogo em Macau”, disse no início deste mês. Reconversão industrial e desenvolvimento do mercado financeiro Outra das medidas para alcançar a diversificação económica passa pela “valorização industrial”, apesar de, como o Governo lembrou no relatório submetido à AL, a indústria transformadora representar neste momento menos de um por cento do PIB de Macau. Um dos projectos passa pela construção do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa, através da cooperação com Guangdong.

Outro dos apoios concretos às indústrias locais passa pela implementação – já anunciada, mas ainda por concretizar – de seguros de créditos para a importação, exportação e trânsito de mercadorias aos empresários locais. Ainda no mesmo capítulo da diversificação, Lionel Leong apontou ontem que o Governo vai fazer “esforços para que sejam reduzidos os requisitos de acesso ao mercado chinês, a favor das instituições financeiras de Macau” e, ao mesmo tempo, “anuladas as restrições preliminares quanto à exploração de actividades em renminbi”.

Já quanto à cooperação com Guangdong, que Lionel Leong disse ser “um projecto de maior importância no quadro da cooperação regional”, o secretário não avançou com muitas medidas concretas no seu discurso, limitando-se a dizer que o Governo “vai apoiar as empresas locais na sua deslocação às zonas pioneiras de comércio em Guangdong” não só como visitas de estudo mas para a “identificação de oportunidades de negócio”.

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