Vítor Sereno será o próximo cônsul-geral português em Macau

Manuel Cansado de Carvalho vai ceder o lugar a Vítor Sereno. Um diplomata que já desempenhou funções na Guiné-Bissau, Argentina, Alemanha e Holanda. Actualmente, ocupa o cargo de chefe de gabinete do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares de Portugal, Miguel Relvas.

Pedro Galinha

O cargo de cônsul-geral de Portugal em Macau vai ser ocupado por Vítor Sereno, confirmaram ao PONTO FINAL fontes do Governo português. Trata-se de um diplomata de carreira, com 41 anos de idade, que tem experiência na Guiné-Bissau, Argentina, Alemanha e Holanda. Actualmente, chefia o gabinete do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.

Manuel Cansado de Carvalho sai de cena, depois de ter assumido funções em Fevereiro de 2009. Contacto pelo PONTO FINAL, o ainda chefe da missão lusa no território e em Hong Kong não quis fazer qualquer comentário.

Segundo fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, o novo cônsul-geral deverá chegar a Macau no início de 2013. A mudança no posto é “rotineira” e faz parte do segundo movimento diplomático que Lisboa realiza este ano.

Vítor Sereno é considerado um dos nomes fortes da nova geração da diplomacia lusa. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, iniciou a carreira além-fronteiras no início da década de 2000 como primeiro-secretário e encarregado da secção consular da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau.

De África parte para a América do Sul, onde desempenhou as mesmas funções (com jurisdição sobre a Bolívia e o Paraguai), durante cerca de três anos. Depois, é nomeado cônsul-geral de Portugal na cidade alemã de Estugarda (com jurisdição nos Estados de Bade-Vurtemberga e Baviera).

Em 2006, o diplomata tem um dos momentos altos do seu percurso, ao substituir o criticado cônsul Óscar Ribeiro Filipe em Roterdão. Sereno foi indicado para o cargo – apenas por meses, mantendo o posto na Alemanha – com o objectivo de acompanhar dezenas de trabalhadores portugueses que se queixavam de salários em atraso. A missão foi concluída com sucesso.

O currículo do próximo cônsul-geral português em Macau conta ainda com a coordenação na chamada Estrutura de Missão para a Presidência Portuguesa da União Europeia – “Portugal 2007”. Vítor Sereno exerceu as funções de responsável principal pela organização de várias reuniões ministeriais de alto nível e pela cerimónia de assinatura do Tratado de Lisboa – evento que lhe valeu um prémio da Academia Internacional de Protocolo.

A partir de Fevereiro de 2008, Sereno chefiou o gabinete do então Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga. Este cargo antecedeu a sua passagem pelo gabinete do secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde foi incumbido de investigar, no início do ano passado e antes de ingressar na equipa de Miguel Relvas, o alegado envolvimento do vice-cônsul de Portugal na cidade brasileira de Porto Alegre, Adelino Pinto, num caso de desvio de dinheiro da arquidiocese local.

A nível académico, Vítor Sereno também tem currículo. Foi professor convidado na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e, na mesma qualidade, visita o Instituto Superior de Comunicação Empresarial (onde integrou o corpo docente do I Curso de Preparação para o Acesso à Carreira Diplomática).

“Diplomacia económica e comercial pró-activa”

O próximo cônsul-geral português em Macau esteve incontactável ontem. No entanto, o PONTO FINAL teve acesso a declarações proferidas por Vítor Sereno em 2010, onde defende que “Portugal para ser um Estado com forte projecção internacional e capacidade de influência tem que ter uma diplomacia económica e comercial pró-activa”.

Segundo o diplomata, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal tem tomado decisões “atentas às mutações rápidas do sistema económico mundial” e “conhece os mercados-alvo emergentes com potencial de penetração das empresas portuguesas”. Por tudo isto, defendia na altura, o país “vai continuar a exercer a sua influência nas múltiplas áreas e blocos a nível mundial”, até porque “tem um peso histórico que ninguém lhe vai tirar”.

Mudanças também chegam a Pequim

No segundo movimento diplomático português do ano, há novidades em Macau, mas também em Pequim. O actual embaixador Tadeu Soares vai mudar-se para Madrid. No seu lugar, virá Jorge Torres Pereira, que chefiava a missão da diplomacia lusa na Tailândia.

A notícia foi avançada pela Lusa. A agência noticiosa dava ainda conta que, segundo uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, Ana Martinho será a primeira diplomata a ocupar o cargo de secretária-geral do MNE e em 23 postos abrangidos pelas mudanças o número de mulheres passa de três para seis.

Os embaixadores políticos vão deixar de existir, sendo que todas as chefias de missão vão ser ocupadas por diplomatas profissionais e a idade média dos embaixadores em posto passa dos 61 para os 55 anos.

De acordo com a mesma fonte da Lusa, todo o processo de escolha de nomes foi coordenado entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros, Presidente da República e o primeiro-ministro de Portugal.

Díli terá também um novo embaixador: Manuel de Jesus, especialista em cooperação e ex-vice-presidente do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD).

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