Dragões aquecem campeonato

A vitória inesperada do FC Porto sobre o Ka I torna mais interessante o campeonato. O Monte Carlo ficou apenas a um ponto do líder, mas deixou de contar com o treinador português Mário Ramos.

Vítor Rebelo

A diferença de quatro pontos entre os dois primeiros classificados, a três jornadas do fim do campeonato de futebol de Macau do escalão principal, apontava para alguma tranquilidade do Ka I na gestão da parte final da temporada. Só que o FC Porto estragou as contas do onze de Rui Cardoso, que parte para a penúltima ronda com somente um ponto em relação ao rival Monte Carlo. E o próximo jogo da prova é precisamente Ka I-Monte Carlo, agendado para a tarde de sábado (16h), no relvado do Estádio da Taipa.

O Ka I precisa apenas de um empate para se manter na liderança da competição, defrontando na derradeira jornada o modesto Pau Peng, enquanto o Monte Carlo joga face ao sempre difícil conjunto dos Sub 23. Toda esta situação inesperada de ‘fogo’ no campeonato foi provocada pela estrondosa vitória do FC Porto (5-2) sobre o Ka I, na décima sexta ronda.

Foi um jogo em que tudo saiu bem aos comandados de Dani. “De facto fizemos um desafio espectacular, diante do primeiro classificado do campeonato. Num jogo emocionante, fomos superiores ao nosso adversário em vários aspectos: na marcação, na anulação dos pontos fortes do Ka I, a sair de trás para a frente e, calro, na finalização. O que nos correu mal noutras partidas, saiu na perfeição neste jogo. O futebol é assim mesmo”, diz o técnico dos dragões, orgulhoso pela exibição dos seus pupilos.

O FC Porto vinha de uma outra vitória importante, contra o Lam Pak, e actuou sem dois jogadores importantes na manobra da equipa, o defesa Lei Weng Kit (lesionado) e o avançado Alison Brito (castigado). Ao intervalo, os azuis e brancos tinham vantagem mínima (1-0, golo de Samuel Ramosoeu de grande penalidade), aumentando aos 51 minutos pelo quase desconhecido Pedro Lopes Pereira. Trata-se de um jogador português, médio ofensivo de 22 anos, que actuou no Loures, em Portugal.

O Ka I reduziu aos 66’ por William Carlos Gomes, mas os dragões voltaram a ter dois golos de diferença aos 75’, graças à intervenção de Daniel Ferreira. Foi rápida a resposta dos homens de Rui Cardoso que facturaram dois minutos depois, de novo por intermédio do brasileiro William.

Só que o FC Porto, que jogou com um guarda-redes pouco utilizado, Lino Mourato Lopes (esteve à altura da importância da partida), voltou a criar desequilíbrios na defensiva adversária, marcando mais dois tentos nos últimos seis minutos, através de Marcus Vinicius Tavares e Pedro Pereira.

O clube presidido por António Aguiar, que o próprio referiu poder ter dificuldade em continuar a ter um plantel deste nível, por razões financeiras e se não surgirem patrocínios a breve prazo, distanciou-se de vez do Lam Pak na luta pelo quarto lugar, entrando agora na guerra do terceiro, juntamente com os Sub 23.

Será um dos aspectos interessantes da ponta final do campeonato, para além da questão do título, com os portistas a reduzirem a distância para somente um ponto. As duas equipas defrontam-se já no próximo sábado, às 14h.

Correu tudo mal

Do outro lado, no Ka I, William era o espelho de alguma desilusão pela derrota sofrida: “Correu de facto tudo mal e, ao contrário, o FC Porto fez um grande jogo. Lutámos muito até ao fim, mas não conseguimos ganhar. Sempre que eles iam à nossa baliza marcavam, nada se podia fazer. Estamos naturalmente tristes pelo resultado, mas temos de levantar a cabeça porque continuamos a ser primeiros.”

O goleador brasileiro reconhece as dificuldades para o próximo embate com o Monte Carlo, mas diz que a equipa vai jogar como sempre, para ganhar. “Acredito que vamos superar este momento difícil e seremos capazes de ganhar ao Monte Carlo, para nos tornarmos de novo campeões. Na última vez que perdemos, com os Sub 23 na primeira volta, aparecemos depois muito mais motivados e é isso que teremos de voltar a fazer agora”, referiu.

William não contou, nesta partida face ao FC Porto, com o português Nicholas Torrão, com quem diz entender-se muito bem no sistema de jogo imposto pelo treinador Rui Cardoso. A ausência do chinês Chan Im também se notou nos actuais campeões.

Monte Carlo agradece

O Monte Carlo foi o grande beneficiado pela surpreendente vitória do FC Porto, ficando a um ponto do rival na luta pelo primeiro lugar. “Não esperávamos que isto pudesse acontecer. Ficámos muito motivados para o desafio face ao Lam Pak, uma vez que o jogo do Ka I foi antes do nosso”, salientou o capitão  do Monte Carlo, Geofredo Sousa, para quem “o futebol tem destas  surpresas, e ainda bem”.

Com esta curta diferença e na véspera do confronto escaldante, Geofredo é peremptório: “Temos todas as condições para ganhar, desde que não cometamos os mesmos erros do jogo da primeira volta, no qual perdemos com o Ka I por 4-2. Penso que a equipa tem vindo a melhorar, os brasileiros estão muito mais adaptados ao futebol de Macau e os mais jovens, os da casa, ainda um pouco verdes, vão progredindo a pouco e pouco”.

O Monte Carlo já não é treinado por Mário Ramos, antigo adjunto de Dionísio Ramos. Os dois tinham vindo para Macau, já com o campeonato a decorrer, juntamente com os quatro reforços de Portugal, três brasileiros e um guineense, numa ‘oferta’ do empresário Luís Carlos. Dionísio rumou ao futebol da China e Mário teve de regressar a Portugal na passada segunda-feira, por não ter conseguido adiar a passagem agendada para esta altura.

Segundo o presidente Firmino Mendonça, “não houve qualquer problema com o treinador, apenas essa questão do bilhete que não foi possível adiar”. O Monte Carlo já foi orientado no jogo com o Lam Pak por William Long, que volta assim a assumir o comando dos azuis e amarelos, numa altura decisiva da temporada.

Recorde-se que o Monte Carlo derrotou o Lam Pak por por 5-1, com mais três golos do brasileiro Kamilo Oliveira, que passa a totalizar 37 tentos no campeonato, contra 27 de William Carlos e 16 de Leung Ka Hang (Sub 23).

De resto, surpresa no empate a zero entre Sub 23 e Polícia, enquanto o Hong Ngai venceu o Hoi Fan por 2-1 e garantiu em definitivo a permanência na I Divisão. O Pau Peng assinou a despromoção ao perder (5-2) face a outro dos aflitos, Lam Ieng.

Macau ganha Interport com golo de Torrão

Em mais uma edição do Interport anual de futebol entre Macau e Hong Kong, a selecção da RAEM foi ganhar à RAEK por 1-0. Desde 1996 que Macau não conseguia superar o seu adversário, quer em casa quer fora.

O treinador Leung Sui Wing fez algumas alterações na equipa, que acabaram por resultar. Uma das novidades foi a inclusão do português Nicholas Torrão, jogador do Ka I, que marcou de cabeça, na primeira parte, o único tento do desafio.

Hong Kong apresentou uma formação de sub 21, sem grande experiência, e Macau pôde dominar a partida, dispondo até, na segunda metade (duas bolas ao poste), de algumas oportunidades para dilatar o resultado.

A equipa do território está já em preparação para o desafio diante do Vietname, a contar para as eliminatórias asiáticas do Mundial do Brasil. Nos restantes escalões do Interport, os Sub 18 e os Sub 15 perderam com Hong Kong, respectivamente por 2-0 e 5-0, enquanto uma formação mista de veteranos e membros da Associação de Futebol de Macau ganhou a um onze VIP da região vizinha.

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