Coimbra gemina-se com Cantão

Há mais de sete anos que Coimbra tenta a geminação com Cantão. Finalmente vai acontecer no próximo mês, quando nascer a Câmara de Comércio e Desenvolvimento Portugal-China.

João Paulo Meneses

Coimbra vai finalmente geminar-se com Cantão, depois de quase dez anos a tentar a formalização desta ligação. Em Outubro, uma importante delegação do município-capital da província de Guangdong visita Coimbra e o protocolo formal entre as duas autarquias será formalmente assinado.

Foi em 2006 que surgiram as primeiras notícias do interesse de Coimbra em geminar-se com Cantão e, pelo menos, o presidente da Assembleia Municipal visitou a cidade chinesa nesse ano. Aliás, a geminação foi aprovada pelos órgãos autárquicos da cidade portuguesa ainda em 2006.

Por razões que poderão ser conhecidas proximamente, a geminação nunca aconteceu e teve de esperar pela criação da Câmara de Cooperação e Desenvolvimento Portugal-China (ver texto nesta página) para avançar.

A delegação que estará em Coimbra de 11 a 14 de Outubro inclui o vice-presidente do município de Cantão e responsáveis ao mais alto nível de áreas como a ciência e a tecnologia, a educação e o urbanismo.

De acordo com fontes que revelaram estas informações ao PONTO FINAL, a visita da delegação, “pela sua relevância política e económica, teve de obter aprovação do primeiro-ministro chinês”, Li Keqiang.

Pelas contas do PONTO FINAL, Coimbra com Cantão será a oitava geminação de um município português com uma cidade chinesa (há uma lista no site da Associação de Municípios, com 14 entradas, mas inclui processos em curso e protocolos de cooperação, que não são geminações).

Às mais antigas (Lisboa com Pequim, Porto com Xangai, Cascais com Wuxi e Castelo Branco com Zhuhai) têm-se juntado várias geminações feitas já este século, e realizadas com perspectivas muito diferentes das anteriores, que eram sobretudo baseadas numa ideia de história e na hipótese de intercâmbio cultural.

Estas novas geminações assentam basicamente na possibilidade de cooperação económica e empresarial, desvalorizando a tal ideia de cultura (que, na prática, pouco ou nenhuma expressão teve – pela distância e pelos custos, sobretudo).

Nos últimos anos Aveiro geminou-se com Panyu, Borba com Taizhou, o Cartaxo com Penglai e, agora, Coimbra com a maior cidade do sul da China.

Uma curiosidade: quer Borba quer Cartaxo ligaram-se a cidades com importância vitivinícola, porque o vinho é precisamente o principal factor económico destas localidades portuguesas (Penglai é mesmo conhecida como a capital do vinho no Continente).

Além destas cidades, há ainda três municípios portugueses geminados com Macau: Lisboa (acordo assinado em 1982 por Roque Choi), Porto e Coimbra. Mas Coimbra tem uma particularidade, já que a geminação foi formalizada com a Câmara das Ilhas (em 1998) e assumida pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) depois da transferência de Administração. De acordo com o IACM, são estas três as cidades portuguesas geminadas com Macau.

Atendendo às notícias que vão surgindo e ao interesse que hoje a China desperta em Portugal, são de admitir novas geminações nos próximos anos (são processos demorados, porque burocráticos). Loulé (com Haikou), Vila Verde (com Tianjin), Maia (com Lanzhou), Leiria (com Tonglin), Matosinhos (com  Liaoyang) e Torres Vedras (com Yongchuan) têm contactos iniciados ou estão, mesmo, em fases mais adiantadas do que os meros contactos.

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