Macau na rota das letras

O primeiro festival sino-lusófono de literatura do território acontece em Janeiro. Há já dez autores convidados para o evento. Entre estes, estão o escritor chinês Su Tong e o português José Luís Peixoto.

A ideia é colocar Macau na Rota das Letras, num evento que pretende reunir escritores e outros agentes da actividade editorial literária, e impulsionar novas edições e traduções. O primeiro encontro de escritores chineses e lusófonos no território vai realizar-se entre os dias 29 de Janeiro e 4 de Fevereiro, já com dez autores confirmados e um programa alargado que acolhe debates, exposições, concertos, workshops e a exibição de alguns filmes.

O Festival Literário de Macau, organizado pelo PONTO FINAL e pela Sociedade de Artes e Letras (SAL) por ocasião do 20º aniversário deste diário, tem já assegurada a presença do escritor Su Tong, distinguido com o Man Asian Literary Prize em 2009, de Jade Y. Chen, romancista de Taiwan, e de Annie Baobei, uma das autoras mais lidas do Continente. De Portugal, chegam José Luís Peixoto, José Rentes de Carvalho, Alice Vieira, Rui Cardoso Martins e José Rodrigues dos Santos. E as letras do Brasil também têm representação com Tatiana Salem Levy e Luís Fernando Veríssimo.

O programa do festival ainda não está fechado – o alinhamento completo será dado a conhecer no início de Janeiro – e a organização pretende ainda incluir expressões lusófonas do continente africano. Os convites já foram lançados a alguns autores e aguarda-se a confirmação.

A organização fez saber também que pretende encetar contactos com associações de escritores de Macau, Hong Kong e Zhuhai, com vista à participação de autores locais e da região no evento.

“Sentimos que há pouco conhecimento recíproco das literaturas produzidas pelas diferentes comunidades de Macau”, afirmou Ricardo Pinto, administrador deste jornal e da SAL, manifestando o objectivo de criar uma plataforma de contactos de parte a parte no encontro sino-lusófono de literatura.

A organização espera que o evento “tenha resultados para o futuro, nomeadamente, no campo das edições”. Todos os autores participantes no festival irão, após a estada no território, escrever um conto sobre Macau. Os diferentes trabalhos serão depois reunidos num volume bilingue ou editados separadamente nas duas línguas oficiais da região, o português e o chinês, para lançamento em 2013, aquando da segunda edição deste festival que pretende ter carácter regular.

Outras das iniciativas do evento consiste no lançamento de um concurso de contos. O vencedor será publicado conjuntamente com os autores convidados para o encontro.

Além disso, vai haver sessões de formação em que participarão alguns escritores que integram o festival e também dois outros autores de Macau. “Vamos ter alguns workshops, nos quais alguns destes autores partilharão as suas experiências e darão formação sobre escrita criativa”, revelou Ricardo Pinto.

O Festival Literário de Macau assinala duas décadas desde a criação do PONTO FINAL. “Faz falta aos nossos leitores terem contacto com a actualidade literária em Macau”, defendeu ontem a directora desta publicação, Isabel Castro, sobre a orientação editorial do jornal de dar espaço às artes e à cultura – “um trabalho que está expresso no Parágrafo, mas também no quotidiano”, assinalou.

O Instituto Português do Oriente (IPOR) também intervém na coordenação do encontro. Ana Paula Dias, do organismo, defendeu que o festival “é uma ideia que deve ter continuidade”.

Hélder Beja, da organização, defendeu também que o evento deixará “um legado”, ao garantir a publicação de novos contos sobre Macau e um novo volume editorial de publicação local. “É um legado quase inestimável, porque poderá fixar Macau dos nossos dias pela mão dos escritores que participam”, sublinhou.

Além do programa de debates em torno da literatura, estarão presentes alguns realizadores. Miguel Gonçalves Mendes, que dirigiu o documentário “José e Pilar”, Tony Ayres, realizador e guionista sino-australiano, nascido em Macau, e Pang Ho-cheung, autor da película “Isabella”, marcam presença.

Uma das exposições do evento também já asseguradas exibirá uma retrospectiva do trabalho do ilustrador português André Carrilho, cuja carreira teve início há 20 anos neste diário.

Os concertos musicais serão outro ponto alto, prevendo-se a realização de dois espectáculos que juntem músicos de Portugal, Brasil, Continente e Macau. A organização espera alcançar uma audiência de quatro mil pessoas.

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