Expo vista como sinal de retoma económica

Amanhã abre as portas ao público a maior exposição mundial de todos os tempos. Hu Jintao e Chui Sai On estarão presentes, assim como muitas personalidades oriundas das mais diversas proveniências. Para alguns, a Expo é vista como um sinal de retoma económica, para outros da afirmação chinesa na cena política internacional.

A Expo2010, que começa amanhã, está a ser equiparada a duas das mais famosas edições do certame, Chicago-1933 e Osaka-1970, ilustrando o singular dinamismo de Xangai e o decisivo papel da China na recuperação económica global.
Os números envolvidos no evento, que tem como tema “Melhores Cidades, Maior Qualidade de Vida”, são de deixar qualquer pessoa boquiaberta. Ao longo dos próximos seis meses (a exposição encerra a 31 de Outubro), poderão passar pelos 5,3 quilómetros quadrados do certame cerca de 100 milhões de visitantes, na melhor das previsões. Para se ter uma ideia, o espaço ocupado pela exposição, que se desenvolve ao longo das duas margens do rio Huangpu, corresponde ao dobro da dimensão do principado do Mónaco. Tendo como ponto de comparação a área ocupada pela Expo 98, o recinto suplanta em dez vezes aquele que recebeu a mostra dedicada aos oceanos, em Lisboa.
Calcula-se que o investimento total feito para modificar Xangai tenha sido de 400.000 milhões de yuan, segundo informações da comunicação social estatal chinesa. Só o Executivo de Xangai expendeu 28.600 milhões de yuan. O investimento da China na Expo 2010 consubstancia-se numa verba colossal para um mundo ainda mal recuperado da pior recessão do último meio século, mas proporcional à ambição de um país cuja economia cresce em média quase dez por cento ao ano desde 1980.

Impacto de 100 anos

“Como Pérola do Oriente, Xangai deve ser um modelo para as cidades do mundo”, escreveu um antigo embaixador chinês na ONU, Sha Zukang, num artigo publicado ontem no jornal oficial Diário de Xangai.
Sha Zukang, 62 anos, actual director do departamento das Nações Unidas para os Assuntos Económicos e Sociais, não tem dúvidas: A Expo “irá gerar um impacto positivo da vida urbana para os próximos cem anos”. Vista hoje de Xangai, a Expo 1933, em Chicago, assinalou a saída da “grande depressão” que quatro anos antes abalara o mundo e a Expo 1970 – a primeira exposição universal realizada na Ásia, em Osaka – “anunciou o sucesso económico do Japão e a sua emergência após a ruína da segunda guerra mundial”.
“A Expo 2010 pode também indicar o início de uma nova era para a estrutura económica mundial”, diz um editorial da agência noticiosa oficial chinesa publicado na imprensa de Xangai. Para a China, a Expo de Xangai – a mais concorrida de sempre, com a participação de 192 países e 50 organizações internacionais – é também “uma grande oportunidade para a diplomacia pública”.
“Devemos assegurar que aqueles que visitem a Expo levem para os países uma compreensão mais profunda da China moderna”, disse Zhao Qizheng, antigo ministro do Gabinete de Informação do governo e director da Faculdade de Jornalismo e Comunicação da Universidade do Povo, em Pequim.
Nas ruas, nas lojas e nos transportes públicos, o tema da Expo2010, (“Better City, Better Life” (Melhores Cidades, Maior Qualidade de Vida), está em toda a parte e num anúncio afixado no novo terminal do velho aeroporto Hongqiao até lhe acrescentaram a expressão “Deeper Friendship” (Amizade mais profunda). A frase tem sido, aliás, adaptada a diversas iniciativas e o próprio mapa oficial de Xangai distribuído gratuitamente nos hotéis diz “Better Map, Better Choice, Better Life” (Melhor Mapa, Melhor Escolha, Vida Melhor).
A “melhoria” dos mapas não é apenas um slogan: a maior parte das onze linhas de metropolitano de Xangai, por exemplo, foram construídas ou prolongadas nos últimos dois anos e quatro delas dão acesso ao recinto da Expo 2010, uma área de 528 hectares ocupada até menos de uma década por quase trezentas fabricas e milhares de casas degradadas. “Xangai é uma cidade feérica e em termos de renovação urbana, a Expo é já uma aposta ganha”, afirmou à agência Lusa um diplomata europeu.
O mais barato dos bilhetes de acesso à Expo custa 90 yuan para a noite, desde que as entradas aconteçam depois das cinco da tarde. Noventa yuan é também o que terão de pagar estudantes, soldados, idosos e pessoas com deficiência. As entradas mais caras custam 900 yuan (o que dá direito a sete entradas) e 400 yuan, para três entradas. Os bilhetes estão à venda nos postos China Post, China Mobile, China Telecom e Banco de Comunicação da China.
As exposições universais são organizadas a cada cinco anos. A última ocorreu em Aichi, no Japão. Entre duas exposições universais podem acontecer exposições internacionais, mais pequenas, como foi a o caso da Expo Saragoça (Espanha) de 2008.

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