Chan Chak Mo paga 4.500 patacas à empregada, e não acha que seja pouco

FOTOGRAFIA: EDUARDO MARTINS

Depois de, na semana passada, ter assumido que chegava a pagar dez mil patacas por uma refeição, Chan Chak Mo confessou ao PONTO FINAL que paga 4.500 patacas à sua empregada doméstica. O deputado continua a achar que, para um trabalhador doméstico, talvez seja suficiente e explica: “Não têm de gastar em comida, não têm de gastar em alojamento, é-lhes tudo providenciado”.

André Vinagre

andrevinagre.pontofinal@gmail.com

“Muitas vezes, para uma refeição, eu pago dez mil patacas”, afirmou na semana passada o deputado Chan Chak Mo. Ontem, à margem da cerimónia de tomada de posse de Kou Hoi In como presidente da Assembleia Legislativa (AL), Chan Chak Mo não se retratou das declarações polémicas e assumiu que paga 4.500 à sua empregada. “Mas essa é uma escolha pessoal, se o empregador for generoso, pode pagar mais”, referiu ao PONTO FINAL.

A questão foi colocada na reunião da passada quinta-feira da 2.ª Comissão Permanente da AL, que discutia na especialidade a proposta de lei de salário mínimo para os trabalhadores: Será 4.100 patacas, o valor da mediana dos salários dos trabalhadores domésticos, suficiente para viver em Macau? “Viver e gastar são duas coisas diferentes”, respondeu agora Chan Chak Mo ao PONTO FINAL, justificando: “Não têm de gastar em comida, não têm de gastar em alojamento, é-lhes tudo providenciado [pelos empregadores]”.

“O que eu digo é que os trabalhadores domésticos, quando vêm, eles sabem de antemão o seu salário e se vão conseguir apoiar as suas famílias nos seus países”, referiu, acrescentando que “não se deve comparar os níveis de vida, porque o mais certo é que [em Macau] não tenha de pagar pela comida, pelo alojamento, talvez gaste um bocadinho no dia de folga e pronto”. O parlamentar e empresário ligado ao sector da restauração disse ainda que, se em Hong Kong eles receberem mais, “podem sempre ir para Hong Kong”.

“Mesmo em Hong Kong, em Central, eles estão lá sentados, a conversar, a dançar e a cantar ou o que quer que seja. É isso que eles fazem”, atirou, sublinhando que “não se deve comparar os padrões de vida”.

Na semana passada, o deputado já tinha dito: “O trabalhador doméstico, o que pretende é ganhar a sua vida e, se entender que esse montante não é suficiente para conseguir sustentar a vida da sua família que está nas Filipinas ou na Indonésia, porque é que esses trabalhadores vieram para cá?”. Na altura, Chan Chak Mo sugeriu que “se calhar podem ir para a Arábia Saudita”. Na reunião da comissão que discute a proposta de lei do salário mínimo, o presidente da comissão tinha afirmado que, muitas vezes, pagava dez mil patacas por uma refeição e que, portanto, para ele as 4.100 patacas não seriam suficientes para viver em Macau. “Para uma pessoa vulgar, não sei se quatro mil patacas chega ou não”, tinha dito.

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