A norte-americana Cobalt garante que há interesse de outras petrolíferas na aquisição da participação de 40 por cento que detém em dois blocos de produção de petróleo no ‘offshore’ angolano, mas o negócio continua por realizar, depois da recusa da Sonangol.
Em causa estão os blocos 20/11 e 21/09, ao largo de Luanda, cuja venda da respectiva participação a Cobalt International diz estar “activamente” a tentar vender: “A companhia está agradada com o nível de interesse da indústria nestes ricos activos líquidos”, lê-se numa informação da petrolífera, com data de 1 de Novembro e à qual a Lusa teve ontem acesso.
Esta venda – que a Cobalt confirma continuar por concretizar – foi anunciada em Agosto de 2015 e envolvia a sua aquisição por 1.750 milhões de dólares pela petrolífera angolana Sonangol.
Esse negócio nunca se concretizou, por falta de aval do Governo angolano, e culminou no final de Julho último, com a presidente do conselho de administração da Sonangol, Isabel dos Santos, a confirmar que a venda dos activos será a uma “terceira parte”, e não à petrolífera angolana, que está em processo de reestruturação devido à crise no sector.
A 18 de Agosto foi noticiado que as acções da petrolífera norte-americana subiram, só nesse dia, 28 por cento – o maior valor nos últimos quatro anos – perante rumores de que a venda da operação em Angola podia estar para breve.
A Cobalt detém uma participação maioritária de 40 por cento no bloco 20/11, face aos actuais 30 por cento da Sonangol e outros 30 por cento da BP, enquanto no bloco 21/09 a empresa pública angolana detém 60 por cento e a petrolífera norte-americana 40 por cento.
A Cobalt anunciou anteriormente, já este ano, uma “descoberta significativa” de condensados e gás natural no poço de exploração Zalophus #1, no bloco 20, a sexta no pré-sal angolano, referindo ainda que decorrem perfurações no poço Golfinho #1, cujos primeiros resultados apontam potencial para a existência de mais condensados e gás natural.
Angola é o maior produtor de petróleo na África subsaariana, com 1,7 milhões de barris por dia, mas enfrenta uma profunda crise financeira e económica devido à quebra na cotação do barril de crude no mercado internacional, que só em 2015 fez diminuir para metade as receitas fiscais petrolíferas.